- Área: 220 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:Julia Tótoli
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Fabricantes: Fort Vidros
Descrição enviada pela equipe de projeto. A Natália rodou o mundo, mas decidiu fincar raízes na Chapada dos Veadeiros, no estado de Goiás, região central do Brasil. Depois de 4 anos morando na pequena cidade de Cavalcante, nos arredores do Parque Nacional, a ideia de um lar definitivo em meio à natureza fazia todo o sentido. Escolheu um terreno íngreme com vista para a Serra da Santana e chamou de Sítio Aruak – uma homenagem à etnia indígena de que descende a família.
O sonho era o de um refúgio, de viver em proximidade com a natureza, de experimentar a ideia de busca interior. Existia também o desejo de construir em adobe, material rústico muito usado pelas comunidades tradicionais locais e que tem performance térmica adequada ao clima quente da região. Pelo solo típico da região, o adobe ganha um tom amarelado que, com a incidência da luz da manhã, filtrada pela folhagem, torna-se ainda mais vivo – quase dourado.
Limitadores havia vários. O cerrado é um bioma sensível e, especialmente em razão da proximidade com o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, construções na região deve buscar o menor impacto possível sobre o entorno. Além do orçamento limitado, a qualificação da mão-de-obra é restrita e o acesso ao terreno é difícil, de modo que o método construtivo deveria se adequar a todos esses fatores. Optou-se por perfis metálicos e telhas termoacústicas, que atendiam à demanda e se adaptavam à proposta.
De um lado, a casa toca a encosta e, do outro, a sensação é de casa na árvore: toda a área social está na altura das copas das árvores e vê ao fundo a Serra da Santana. Uma parede de adobe cria a separação para uma sala íntima que leva ao bloco dos quartos, levemente rebaixado em relação à área social.
Isolado no cerrado, o Sítio Aruak busca autonomia e eficiência energética com o uso de placas fotovoltaicas de geração de energia solar. Toda a água é reaproveitada pelas plantas por sistemas de saneamento ecológico. Uma Bacia de Evapotranspiração (BET), também conhecida como "fossa de bananeira", trata as águas negras com um sistema que não gera efluentes e evita a poluição do solo e das águas superficiais e lençol freático. Outro método implementado foi o círculo de bananeiras que reaproveita as águas cinzas provenientes da cozinha, lavagem de roupa e banho para o plantio no terreno.
O movimento dos raios de luz nas paredes de adobe revela que as horas lá também passam, mas o valor de cada hora não é o mesmo das que se passam na cidade. Aos fins de semana, toda a família vem de Brasília, que fica a cerca de 300km de distância, para estar com a Natália e com João e viver um pouco do sonho e da Chapada dos Veadeiros.